PSICOLOGIA
EM RAZÃO DA CIDADANIA: A PSICOLOGIA APLICADA EM UM NÚCLEO JURÍDICO
Ludmilla
Muniz Machado* - FSA – E-mail: ludmillapsicologia@yahoo.com.br
Orientadora:
Prof.ª Eulineide Lauritzen de Lucena**
– FSA– E-mail: elauritzen@ibest.com.br
RESUMO
O surgimento das atividades psicológicas desenvolvidas no âmbito
do Poder Judiciário apresenta aos profissionais da área um campo promissor de
atuação, mediante a crescente demanda de conflitos contidos nas ações
judiciais. Este trabalho tem como finalidade descrever as experiências vividas
pela acadêmica, do nono período, do curso de Psicologia, durante o Projeto de
Extensão “Psicologia em razão da cidadania”, realizado em um
Núcleo Jurídico, localizado na cidade Teresina,
Estado Piauí. O Projeto intenciona a construção prática da disciplina
Psicologia Jurídica no sentido de fomentar uma formação ampliada na multidisciplinaridade. Tem como principal objetivo atender à comunidade,
nas questões de conflitos de âmbito jurídico, promovendo, um bem estar
psicológico na busca de soluções pessoais e sociais, estabelecendo-se práticas
entre a psicologia e o direito. A metodologia do
trabalho consistiu em atividades de mediação e aconselhamento psicológico com
vistas à resolução de conflitos. No desenvolvimento dos trabalhos foram tomados
como referenciais teóricos Mira y López (2007), Nazareth (1999), Patterson
(2003) e Silva (2011). Todos os procedimentos foram registrados através do
formulário de Entrevista de Atendimento Psicológico e o serviço foi avaliado
pelo cliente a partir do preenchimento de um formulário específico. O resultado
destas avaliações foi bastante positivo, sendo o trabalho percebido como de
grande importância por “clarear ideias”, dar apoio e suporte emocional. A
estagiária considera que o projeto cumpriu
seu objetivo de promover a prática da disciplina Psicologia Jurídica,
apresentando a interface entre as duas disciplinas – a Psicologia e o Direito.
Palavras-chaves:
Psicologia Jurídica. Mediação. Aconselhamento Psicológico.
1.
INTRODUÇÃO
Muitas são as terminologias que
tentam definir o trabalho dos psicólogos no campo jurídico: Psicologia
Jurídica, Psicologia Forense, Psicologia aplicada ao Direito e outras. No
entanto, gostaríamos de prestar alguns esclarecimentos acerca dos conceitos
Psicologia Jurídica e Psicologia Forense.
Segundo CRUZ; MACIEL;
RAMIREZ (2005), a Psicologia Jurídica se fundamenta no conjunto de intervenções
específicas às necessidades do Estado de Direito e na leitura de fenômenos
psicológicos instalados ou manifestados no âmbito das relações das pessoas com
a Justiça e com as instituições judiciárias. Ao tempo em que a Psicologia
Forense seria o estudo da aplicação dos processos psicológicos à prática
jurista. E sua atuação versa os fenômenos
volitivos, afetivos e mentais que podem influenciar na formação, na reprodução
e na deformação do testemunho e da confissão do acusado e da vítima.
Resumidamente, podemos
afirmar que a Psicologia Jurídica concerne aos fundamentos psicológicos da
Justiça e do Direito e a Psicologia Forense no arcabouço técnico e prático da
referida teoria.
O surgimento das atividades
psicológicas desenvolvidas no âmbito do Poder Judiciário apresenta aos
profissionais da área um campo promissor de atuação, mediante a crescente
demanda de conflitos contidos nas ações judiciais.
Hoje se observa a Psicologia
vinculada às mais diversas instituições do Direito – Tribunais, Varas,
Defensorias, escritórios e Núcleos de Assistência Jurídica – a fim de avaliar
quais intervenções ou encaminhamentos são pertinentes em casos de demandas
emocionais, que por sua vez, veem a interferir no andamento do processo
judicial. Questões familiares são os exemplos mais simples que justificam a
necessidade do trabalho do Psicólogo Jurídico.
No Brasil, apesar da
Psicologia Jurídica ainda estar galgando espaço no campo do Direito, é
perceptível seu ganho de importância e sua crescente contribuição no meio
jurista. A Psicologia alargou sua atuação da perícia psiquiátrica, exercendo
hoje atividades de apoio, mediação, aconselhamento, orientação, encaminhamento,
prevenção, dentre outras.
Face ao exposto, o Projeto
de Extensão “Psicologia em razão da cidadania” tem como finalidade oportunizar
aos alunos de psicologia conhecer e atuar com Psicologia Jurídica e Forense,
juntamente com os alunos de direito, buscando uma reflexão sobre o panorama
atual da prática e sobre a importância de um conhecimento mais específico na atuação
do psicólogo nessa área.
O Projeto foi
idealizado pela Psicóloga Profª Eulineide Lauritzen. Sua proposta é a inserção
dos alunos de psicologia em um Núcleo Jurídico, objetivando uma construção
prática da disciplina Psicologia Jurídica no sentido de fomentar uma formação
ampliada na multidisciplinaridade.
O presente trabalho foi
realizado pela acadêmica do 9º período do curso de Psicologia, da Faculdade
Santo Agostinho, Ludmilla Muniz Machado. A Extensão teve como objetivo
principal incluir o aluno de psicologia no Núcleo Jurídico a fim de atender à
comunidade de um bairro da cidade de Teresina, nas questões de conflitos de
âmbito jurídico, promovendo um bem estar psicológico na busca de soluções
pessoais e sociais, estabelecendo-se práticas multidisciplinares entre a
psicologia e o direito.
Na execução das
atividades de extensão, a aluna desempenhou o papel de mediadora em questões de
divórcio, separação, reconhecimento de paternidade, pensão alimentícia, guarda
de filhos e partilha de bens. A estagiária realizou 5 (cinco) atendimentos com
duração média de 60 minutos. As sessões foram estruturadas em etapas:
acolhimento, abertura, investigação, levantamento de opções, negociação de
opções, agenda e fechamento – porém, trata-se de um processo não engessado, em
vistas a atender à demanda específica de cada cliente.
Todos os procedimentos
foram registrados no prontuário do cliente, a partir do formulário de
Entrevista de Atendimento Psicológico, contendo dados demográficos e dados
pessoais (queixa principal, histórico de vida e histórico de saúde). O serviço
foi avaliado pelo formulário de Avaliação do Cliente, preenchido pelo mesmo ao
término de seu atendimento.
O referido
Projeto de Extensão compreendeu o período de 09/04/2011 à 06/06/2011, sendo
realizado em um Núcleo de Práticas Jurídicas desta Capital.
2.
UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A PSICOLOGIA JURÍDICA
A
inserção do psicólogo nas instituições judiciárias deu-se a partir de atividades
estritamente periciais a fim de diagnóstico de patologias. Seguindo o modelo
positivista da época, havia a compreensão do ser humano descontextualizado,
extraído de suas relações, portanto, nada mais correto que mensurá-lo através
de testes psicológicos. Nesta perspectiva, havia uma valorização das abordagens
quantitativas em detrimento das qualitativas.
As
articulações entre o Direito e a Psicologia tiveram início no século XIX com o
trabalho de avaliação de testemunhos, fato de grande contribuição à Psicologia
Experimental. Mira y López (2007) afirma:
O
testemunho de uma pessoa acerca de um acontecimento qualquer depende
essencialmente de cinco fatores: a) do modo como tem percebido; b) do modo como
tem conservado em sua memória; c) do modo como é capaz de evoca-lo; d) do modo
como queira expressa-lo; e) do modo como pode expressa-lo (p.165).
Considerando
o pensamento deste autor, estudos sobre os processos psicológicos básicos -
memória, sensação e percepção – tornaram-se o mote dos trabalhos desenvolvidos
nos laboratório de Psicologia Experimental.
Ainda
no século XIX, a perícia psiquiátrica ganhou novas funções, para além da
investigação da reponsabilidade penal de adultos. Em outras áreas do Direito, o
laudo pericial psiquiátrico ganhou status decisório acerca de dispositivos de
correção a serem aplicados em processos penais, auxiliando, assim, nos trâmites
jurídicos.
Importante
ressaltar que naquele momento a Psicologia era uma disciplina voltada essencialmente
para exames e avaliações. Os testes psicológicos eram fundamentais na práxis das diversas áreas de Psicologia
– Escolar, Clínica, Organizacional e, consequentemente Jurídica.
Na
década de 90, fundamentado na luta dos psicólogos de diversos Estados
brasileiros e dos Conselhos de Classe, foi instituído em distintas localidades
o cargo de psicólogo junto ao Poder Judiciário. Atualmente, o Catálogo Brasileiro de Ocupações
– CBO (2010) descreve o Psicólogo Jurídico como aquele que atua no âmbito da
Justiça, colaborando no planejamento e execução de políticas de cidadania,
direitos humanos e prevenção da violência, centrando sua atuação na orientação
do dado psicológico repassado não só para os juristas como também aos
indivíduos que carecem de tal intervenção, para possibilitar a avaliação das
características de personalidade e fornecer subsídios ao processo judicial,
além de contribuir para a formulação, revisão e interpretação das leis: avalia
as condições intelectuais e emocionais de crianças, adolescentes e adultos em
conexão com processos jurídicos, seja por deficiência mental e insanidade,
testamentos contestados, aceitação em lares adotivos, posse e guarda de
crianças, aplicando métodos e técnicas psicológicas e/ou de psicometria, para
determinar a responsabilidade legal por atos criminosos; atua como perito
judicial nas varas cíveis, criminais, Justiça do Trabalho, da família, da
criança e do adolescente, elaborando laudos, pareceres e perícias, para serem
anexados aos processos, a fim de realizar atendimento e orientação a crianças,
adolescentes, detentos e seus familiares; orienta a administração e os
colegiados do sistema penitenciário sob o ponto de vista psicológico, usando
métodos e técnicas adequados, para estabelecer tarefas educativas e
profissionais que os internos possam exercer nos estabelecimentos penais;
realiza atendimento psicológico a indivíduos que buscam a Vara de Família,
fazendo diagnósticos e usando terapêuticas próprias, para organizar e resolver
questões levantadas; participa de audiência, prestando informações, para
esclarecer aspectos técnicos em psicologia a leigos ou leitores do trabalho
pericial psicológico; atua em pesquisas e programas sócio-educativos e de
prevenção à violência, construindo ou adaptando instrumentos de investigação
psicológica, para atender às necessidades de crianças e adolescentes em
situação de risco, abandonados ou infratores; elabora petições sempre que
solicitar alguma providência ou haja necessidade de comunicar-se com o juiz
durante a execução de perícias, para serem juntadas aos processos; realiza
avaliação das características das personalidade, através de triagem
psicológica, avaliação de periculosidade e outros exames psicológicos no
sistema penitenciário, para os casos de pedidos de benefícios, tais como
transferência para estabelecimento semiaberto, livramento condicional e/ou
outros semelhantes. Pode assessorar a
administração penal na formulação de políticas penais e no treinamento de pessoal
para aplica-las. Realiza pesquisa visando à construção e ampliação do
conhecimento psicológico aplicado ao campo do direito. Presta orientação psicológica a casais antes
da entrada nupcial da petição, assim como das audiências de conciliação. Atende a crianças envolvidas em situações que
chegam às instituições de direito, visando à preservação de sua saúde
mental. Auxilia juizados na avaliação e
assistência psicológica de menores e seus familiares, bem como assessorá-los no
encaminhamento a terapia psicológicas quando necessário. Realiza atendimento e orientação a detentos e
seus familiares visando à preservação da saúde.
Acompanha de detento em liberdade condicional, na internação em hospital
penitenciário, bem como atuar no apoio psicológico à sua família. Desenvolve estudos e pesquisas na área
criminal, constituindo ou adaptando os instrumentos de investigação
psicológica.
Contudo,
as atribuições da Psicologia junto às diferentes Varas têm por obrigação
atenderem as especificidades de cada demanda, Vara de Família, Vara de Infância
e Juventude, Varas de Execução Penal, entre outras. As necessidades são bem
mais abrangentes que elaboração de psicodiagnóstico e/ou identificação de
psicopatologias. “Há necessidade de que os profissionais, a partir de
parâmetros de sua especificidade, possam responder sobre o valor de sua
intervenção junto à Justiça, desmistificando a visão do trabalho de cunho
estritamente pericial.” (BRITO, 2005 apud CRUZ; MACIEL; RAMIREZ, 2005, p.13).
A
necessidade de refletir sobre a prática da Psicologia no âmbito jurídico nos
levou a elaborar este trabalho, contextualizado na experiência vivida durante o
Projeto de Extensão “Psicologia em razão da cidadania”.
3.
A PSICOLOGIA APLICADA EM UM NÚCLEO JURÍDICO
A
metodologia adotada no Projeto de Extensão “Psicologia em razão da cidadania” foi
de selecionar 05 (cinco) alunos do curso de Psicologia, que já tivessem cursado
ou estivessem cursando a disciplina de Psicologia Jurídica, ou ainda que já
tivessem sido capacitados nesta área através de cursos, mini-cursos ou formações.
Após a entrevista de seleção, as 05
(cinco) candidatas aprovadas passaram por um treinamento com a supervisora do
projeto. Este encontro teve a finalidade de prestar orientações sobre a atuação
prática do estágio. No treinamento foram construídos os instrumentais adotados
para os registros de atendimentos.
Em um segundo momento, as estagiárias
foram apresentadas à equipe que compõe o Núcleo Jurídico, assim como conheceram
sua estrutura física, rotinas e procedimentos.
O Projeto é de duração de 60 (sessenta
horas), tendo, cada estagiária, frequentado um dia na semana, no turno da
manhã. A estagiária Ludmilla Muniz Machado frequentou o Núcleo Jurídico às
segundas-feiras, no horário de 8h às 12h – carga horária semanal de 04 (quatro)
horas – totalizando 26 (vinte e seis) horas de estágio no período que
compreendeu 09/04/2011 à 06/06/2011. Hoje o projeto ainda encontra-se em
andamento.
Nos atendimentos realizados pela
estagiária, as demandas foram separação/divórcio, reconhecimento de
paternidade, pensão alimentícia, guarda de filhos e partilha de bens. Podemos,
assim, perceber conteúdos de cunho familiar, conflitivos e bastante mobilizadores, envolvendo muitas perdas, histórias de vidas
e reelaboração de projetos.
Silva (2011) citando Braganholo (2005),
afirma que em conflitos envolvendo questões conjugais, é importante preservar o
respeito, a fim de possibilitar que ambos expressem seus sentimentos, emoções,
raivas e angústias. Fato que facilita a comunicação e os leva a pensar nas
diferentes opções possíveis para resolver o conflito.
O trabalho desenvolvido no Núcleo
Jurídico foi sempre voltado para mediação e levantamento de possibilidade de
enfrentamento com vistas à resolução de conflitos. Segundo Nazareth (1999 apud NAZARETH;
VILELA; GUEDES-PINTO, 1999), podemos definir mediação como “um método de
condução de conflitos, aplicado por um terceiro neutro e especialmente
treinado, cujo objetivo é restabelecer a comunicação produtiva entre as pessoas
que se encontram em um impasse, ajudando-as a chegar a um acordo” (p. 21).
Há vários modelos de mediação,
dependendo da origem do caso em questão, da profissão e tendência
teórico-técnica do mediador. Ainda segundo Nazareth (1999), o modelo que mais
tem surtido resultados positivos é o multidisciplinar (co-mediação). Nele,
profissionais de áreas distintas – psicólogo, assistente social e advogado –
atendem as partes em conjunto. Seguindo este modelo é possível alcançar uma
visão integrada das dimensões psicossocial e jurídica.
Adaptado o trabalho da autora, a atividade
de mediação desenvolvida no Núcleo Jurídico durante o trabalho de Extensão foi
realizada em sete etapas: acolhimento, abertura, investigação, levantamento de
opções, negociação de opções, agenda e fechamento. O acolhimento é o primeiro contato com o cliente, é o momento em que
fazemos nossa primeira abordagem, a partir da busca direta na triagem ou no
recebimento de um encaminhamento jurídico. Nesse momento, apresentamos a
possibilidade do Serviço de Psicologia e deixamos a critério do cliente realizá-lo
ou não. Na segunda etapa, a de abertura,
o cliente já aceitou realizar o atendimento e então serão dadas explicações
mais precisas acerca de limites, regras e procedimentos. Nesta etapa, é firmado
o contrato terapêutico. A investigação é
a escuta da queixa e aspectos históricos de vida do cliente. Assim, o terapeuta
procura conhecer melhor o perfil do cliente e observar fatos de sua vida
relevantes para a demanda em questão. O levantamento
de opções é feito em conjunto com o cliente; seria a construção de
alternativas possíveis e pertinentes para resolução do conflito. Na negociação de opções, são trabalhadas as
possibilidades de execução das alternativas levantadas na etapa anterior e
análise de suas possíveis consequências. A agenda
é uma etapa muito importante dentro do processo, é o momento em que se
estabelecem compromissos para a realização das alternativas escolhidas. E a
conclusão do atendimento na etapa de fechamento.
Importante ressaltar que, na prática, os
atendimentos não seguem rigidamente esta estruturação. O foco do atendimento é
o cliente. Ele é o guia no processo terapêutico, portanto, fará o percurso
entre as etapas segundo seu próprio movimento. E nós, enquanto psicólogos
(mediadores), buscamos norteá-lo em sua caminhada e, para tanto, também nos
valemos do embasamento teórico do aconselhamento psicológico.
Patterson; Eisenberg (2003) definem:
O aconselhamento é um processo
interativo, caracterizado por uma relação única entre conselheiro e cliente,
que leva este último a mudanças em uma ou mais das seguintes áreas:
1) Comportamento;
2) Construtos pessoais (modos de
elaborar a realidade, incluindo o eu) ou preocupações emocionais relacionadas a
essas percepções;
3) Capacidade para ser
bem-sucedido nas situações da vida, de forma a aumentar ao máximo as
oportunidades e reduzir ao mínimo as condições ambientais adversas;
4) Conhecimento e habilidade para
tomada de decisão. (p. 20)
O aconselhamento psicológico
justifica-se no âmbito jurídico pelo fato de proporcionar uma mudança no cliente.
O trabalho do conselheiro é orientado para o crescimento pessoal do cliente e/ou
para a solução de seus problemas. Pode aumentar a capacidade do indivíduo em
lidar com situações da vida. Pode ser um facilitador no aprendizado de como
dirigir a própria vida em face às adversidades. E, finalmente, pode contribuir
para a capacidade de tomada de decisões importantes.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Consideramos
que o Projeto de Extensão “Psicologia em Razão da Cidadania” cumpriu seu
objetivo de promover a prática da disciplina Psicologia Jurídica, apresentando
a interface entre as duas disciplinas – a Psicologia e o Direito. Assim como
oportunizou a função social de atender a comunidade, em suas questões de
conflitos no âmbito jurídico.
A avaliação feita pelas pessoas
assistidas no Setor de Psicologia do Núcleo Jurídico foi bastante positiva,
sendo o trabalho percebido como de grande importância por “clarear ideias”, dar
apoio e suporte emocional.
Gostaríamos também de pontuar algumas
questões que julgamos necessárias de acréscimo em atividades como a descrita
neste trabalho. Porém, deixando claro que não temos a pretensão de esgotar
limites e possibilidades, e sim contribuir para o aprimoramento do trabalho da
Psicologia no âmbito jurídico.
São elas, as questões:
·
Necessidade de treinamento com os
estagiários de Psicologia em conteúdos gerais do Direito Civil, principalmente
Direito de Família;
·
Necessidade de realizar, com a equipe de
colaboradores e estagiários do Núcleo Jurídico, um treinamento de
sensibilização acerca do papel da Psicologia Jurídica e do Serviço de
Psicologia na instituição;
·
Necessidade de aproximação do Serviço de
Psicologia com a Defensoria – maior eficiência no trabalho multidisciplinar;
Concluímos que
foi uma experiência extremamente prazerosa atuar na Psicologia Jurídica, um
campo da Psicologia que é emergente, e que muito a se desenvolver e poder
contribuir, mesmo que de forma incipiente, com a construção desse conhecimento que
é de grande valor para nossa formação profissional de Psicólogos.
PSYCHOLOGY ON
GROUNDS OF CITIZENSHIP: PSYCHOLOGY APPLIED IN
A LEGAL CENTER
ABSTRACT
The emergence of the psychological activities
developed in the scope of the Judicial Branch presents to the professional of
the area a promising field in which to act, because of the growing conflict
demand in lawsuits. This article aims to describe the experiences lived by one
trainee from the ninth period of the Psychology course. Such experiences were
lived during the extension project “Psicologia em razão da cidadania”
(“Psychology for citizenship”), which took place in a Judicial Core located in
the city of Teresina, Piauí state. The project aims at building up the
practical field of the subject Judicial Psychology to foster an extended
training in the multidisciplinarity. The extension project aims mainly at
serving the community in the issues of judicial conflicts, promoting a
psychological well-being in the search of personal and social solutions,
establishing practices between Psychology and Law. The methodology of the work
consisted of mediation activities and psychological counseling in order to
solve conflicts. In the development of that work were taken as theoretical
references Mira y López (2007), Nazareth (1999), Patterson (2003), e Silva
(2011). All of the procedures were registered through the Psychological
Services Interviews form and the service was evaluated by the client with the
filling of a specific form. The result of those evaluations was very positive,
with the work being perceived as very important for “clarifying ideas” and
offering emotional aid and support. The trainee believes that the project
accomplished its goal of promoting the practice of the Judicial Psychology
subject, presenting the interface between the two subjects – Psychology and Law.
Keywords:
Judicial
Psychology. Mediation. Psychological Counseling.
REFERÊNCIAS
Classificação
Brasileira de Ocupações: CBO. Brasília: MTE, SPPE, 2010. Disponível em:
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TRINDADE,
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